Fertilidade do Solo e Manejo do Pasto para Recuperar Pastagens Degradadas
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Fertilidade do Solo e Manejo do Pasto para Recuperar Pastagens Degradadas
A consequência da pastagem degradada é que o pecuarista tende a diminuir a lotação de animais e manejar mal as mesmas. Há tendência para o aumento do número de pastejos - superpastejo. A fertilidade do solo está exaurida, e a utilização de pastagens menos exigentes não consegue proporcionar bons resultados, em virtude da baixa produtividade. Existem pastagens produtivas, mas, nesses solos degradados, elas não conseguem sobreviver. Macedo & Zimmer (1993) citados por Rodrigues et a. (2000) definiram a degradação de pastagem como "o processo evolutivo da perda de vigor, da produtividade e da capacidade de recuperação natural das pastagens para sustentar
os níveis de produção e qualidade exigida pelos animais, assim como, o de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras, culminando com a degradação avançada dos recursos naturais, em razão de manejos inadequados".
Características das áreas com pastagens degradadas
Estas áreas são formadas por solos descobertos, expostos, de baixa fertilidade natural, com o aparecimento de ervas daninhas que competem e tomam conta da área, ocorrência de erosão, pobreza de nutrientes dos pastos que comprometem a alimentação dos animais, deficiências nutritivas nos animais, baixa produtividade, teores menores de matéria orgânica e o manejo incorreto da fertilidade do solo e pastos. As altas lotações de animais, no período de maior crescimento da forragem, e a ausência de reposição de nutrientes no solo são causas do processo de degradação do pasto. A não utilização de uma leguminosa contribui, também, para esse fato. As pastagens, como toda cultura de grãos, exporta nutrientes. Como não há, por parte do produtor, uma reposição de nutrientes e um manejo correto da fertilidade do solo, essas pastagens tendem a se degradar no tempo. Esse tempo vai depender das condições do solo e do clima para acelerar o processo.
Quando recuperar uma pastagem degradada
A recuperação de pastagens é uma atitude correta, porque evita a abertura de novas áreas pelo desmatamento. Com isso pode-se aumentar a lotação de animais e melhorar a fertilidade do solo, menos erosão e aumento da matéria orgânica. A recuperação de pastagem é diferente de estabelecê-la.
Uma pastagem estabelecida é aquela em que as plantas foram eliminadas e dá origem à nova pastagem através do sistema convencional, do plantio direto ou plantio por mudas. Já a recuperação de pastagem, como o próprio nome indica, consiste em aproveitar o pasto existente e, através de técnicas modernas de agricultura, promover a recuperação da pastagem degradada. A recuperação apresenta gastos menores, porque dispensa preparo do solo e aquisição de sementes. Entretanto, para recuperar uma pastagem é preciso que exista, ainda, uma densidade de plantas forrageiras, em número suficiente que permita restabelecê-la.
Segundo a Embrapa, uma regra a ser adotada é que não deve existir áreas com mais de 2 m² sem a forrageira principal ou cobertas com ervas daninhas. A existência de uma touceira por m² de capim colonião ou capim elefante ou duas touceiras por m² de braquiárias, é indício de ser viável a recuperação. No caso da existência de grandes áreas expostas, a implantação é a alternativa mais correta.
Algumas técnicas como a integração lavoura-pecuária, o plantio de leguminosas, associação com culturas anuais, podem ser utilizadas para a recuperação. Todavia, pela complexidade, o produtor deve consultar um engenheiro-agrônomo da sua região para melhor orientá-lo.
Fertilidade do solo e Manejo da pastagem
Em síntese, para recuperar uma pastagem degradada duas condições são primordiais: a melhoria da fertilidade do solo e o bom manejo dessa pastagem. De nada adianta investir na melhoria da fertilidade do solo se descuidar no manejo da pastagem. Os dois têm que caminhar juntos. A ausência de um deles é o suficiente para degradar a pastagem. A utilização do pasto por longo período, sem descanso ou sem condições de se recuperar, promove a degradação da forrageira. O produtor deve evitar o superpastejo para não permitir a formação de "pastos rapados".
Os pastos rapados são decorrência da permanência dos animais pastando por longo período e na mesma área. O superpastejo é uma das causas da degradação, porque provoca a eliminação de novos perfilhos, o decréscimo na rebrota e o aparecimento de áreas de solo descoberto.
As braquiárias exigem um tempo de descanso de 25 a 35 dias, conforme a espécie, enquanto o capim elefante exige 45 dias. A altura do pasto após o pastejo - resíduo, deve ficar entre 15 a 20 cm para as braquiárias e de 40 cm para o capim elefante. O acompanhamento técnico é importante no manejo da pastagem para evitar a degradação.
O produtor diz que mesmo nas pastagens degradadas se consegue bons resultados. Mas, devemos pensar pelo lado positivo, porque recuperando uma pastagem degradada se consegue aumentar a produtividade, sem a necessidade de abrir novas áreas, sem desmatamento. Com os pastos recuperados, a lotação animal pode atingir até 2,5 UA/ha, quando, hoje, a média nacional é de 1 UA/ha. O Brasil tem 180 milhões de hectares e 50% estão em estágio de degradação. A meta é recuperar 15 milhões de hectares de pastagem degradada até o ano de 2020.
Sistema ILPF
Podemos fazer a recuperação direta da pastagem ou utilizar sistemas de integração, ou seja, Integração Lavoura e Pecuária (ILP) ou Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF). Esses sistemas ajudam a recuperar a pastagem, pois temos o consórcio pasto mais agricultura. Por exemplo, o cultivo de uma lavoura de grãos econômica (soja) em áreas com gramíneas, no sistema de plantio direto. São 2 a 3 anos de pastagem e 2 a 3 anos com lavouras de grãos. Fazendo isso é possível diminuir o tempo da idade de abate do animal. Além do nitrogênio fixado ao solo pelas leguminosas e a reciclagem de nutrientes proporcionada pelos sistemas e que contribuem para uma proteção ambiental e uma agricultura sustentável.